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fernando giovanella implante zigomatico.

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Foto do escritorFernando Giovanella

Trismo após anestesia local: Por que acontece, como prevenir e tratar

Atualizado: 27 de jun. de 2018



O trismo no pós-anestésico é uma complicação local que não pode ser sempre 100% evitada. Porém, conhecendo suas principais causas, podemos diminuir muito sua ocorrência. Os principais motivos que produzem trismo no pós-operatório são:


1. Injeções anestésicas intra-musculares


Não é raro a falha do bloqueio do nervo alveolar inferior ser ocasionada pela injeção anestésica no interior do músculo pterigoideo medial. Na tentativa desorientada e, por que não, desesperada de se contornar uma falha anestésica, o cirurgião-dentista pode realizar múltiplas punções e uma dose excessiva de solução anestésica no interior desse músculo, produzindo dor e trismo.


Os anestésicos locais, de maneira geral, produzem algum grau de miotoxicidade. A adição de vasoconstritores potencializa, e muito, o efeito miotóxico(1, 2). Em músculos grandes expostos a pequenas dosagens os efeitos clínicos podem passar despercebidos ao passo que músculos pequenos ou mesmo músculos maiores submetidos a grandes volumes anestésicos pode produzir danos teciduais com resultados clinicamente perceptíveis(2).


2. Bisel danificado 


A função do bisel é promover uma superfície cortante que ofereça a menor resistência possível ao ser penetrada e removida dos tecidos. O quanto menor a resistência dos tecidos até a perfuração, maior é o conforto do paciente pois menor será a sensibilização das terminações adjacentes a área do bisel. A processo de perfuração atraumática da mucosa bem como a manutenção na integridade tecidual é totalmente dependente da integridade do bisel da agulha. Mesmo as agulhas mais finas disponíveis (32G) promovem dano tecidual quando utilizadas com o bisel danificado(3). Desse modo:


A integridade do bisel é mais importante na redução da dor do que o calibre da agulha.

Existem evidências que utilizar agulhas novas também possa minimizar a percepção de dor pelo paciente(4).  Mesmo após uma única punção o bisel já fica rombo, microscopicamente(5), e o contato da ponta do bisel com a osso pode deformar o bisel fazendo com que se forma um verdadeiro gancho o qual pode agredir mecanicamente os tecidos, aumentando a possibilidade de dor, trismo, hemorragias ou lesões de nervos. O problema é que muitas vezes essa alteração do bisel pode ser despercebida pelo cirurgião dentista uma vez que é difícil identificar tais alterações a olho nú.


Uma forma de testar a integridade do bisel é deslizar a agulha sobre uma gaze. Caso o bisel da agulha tenha alguma alteração, o gancho irá enroscar nas fibras do tecido da gaze e se perceberá o problema. Diante disso, a única alternativa é a substituição da agulha. Para que se evite a danificação do bisel é importante observar a orientação do bisel e deixar sua face voltada para osso. Diante de qualquer resistência óssea, a agulha nunca deve ser forçada.


3. Solução anestésica contaminada por álcool.


Como externamente os tubetes anestésicos não são estéreis é necessário a desinfecção com soluções antissépticas como álcool 70. O problema é que o diafragma do tubete é semi-permeável e deixá-los imersos em álcool 70 pode fazer com que essa solução penetre no interior do tubete. Por isso, a manobra ideal é fazer fricção com gase embebida em álcool 70 sobre o tubete, imediatamente antes do uso e jamais imergí-los em qualquer solução antisséptica.


Confira no vídeo abaixo mais dicas de como prevenir e tratar trismo pós-anestésico.


Referências


1. Yagiela JA, Benoit PW, Fort NF. Mechanism of epinephrine enhancement of lidocaine-induced skeletal muscle necrosis. J Dent Res. 1982;61(5):686-90.

2. Carlson BM, Shepard B, Komorowski TE. A histological study of local anesthetic-induced muscle degeneration and regeneration in the monkey. J Orthop Res. 1990;8(4):485-94.

3. Praestmark KA, Jensen CB, Stallknecht B, Madsen NB, Kildegaard J. Skin blood perfusion and cellular response to insertion of insulin pen needles with different diameters. J Diabetes Sci Technol. 2014;8(4):752-9.

4. Meechan JG, Howlett PC, Smith BD. Factors influencing the discomfort of intraoral needle penetration. Anesth Prog. 2005;52(3):91-4.

5. Rout PG, Saksena A, Fisher SE. An investigation of the effect on 27-gauge needle tips following a single local anaesthetic injection. Dent Update. 2003;30(7):370-4.





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